Eliene da Silva, 48 anos, natural de Matriz de Camaragibe – AL, hoje reside em Maceió –AL, na Vila Emater II, no bairro de Jacarecica, local de moradia dos catadores que hoje sobrevivem do trabalho no Lixão de Maceió. Eliene exerceu até os 31 anos a atividade de lavadeira e há 17 anos exerce a atividade de catadora no lixão. Hoje, possui uma pequena venda em sua residência e há sete anos atua na área social com os moradores da Vila Emater –II. Atua como voluntária nas atividades missionárias da Igreja do bairro, missionária da Mãe Rainha, é líder da Pastoral das Crianças, faz parte do Conselho da Creche Herbert de Souza, é ex-presidente da Associação dos Moradores da Vila Emater II e atual Presidente da Cooperativa dos Catadores e Recicladores da Vila Emater II (Coopvila).
1. Há quanto tempo o(a) senhor(a) atua na área social e quais as principais atividades que já desenvolveu?
R - Iniciei minhas atividades como voluntária nas atividades missionárias da Igreja São João Bosco, há uns sete anos, quando me mudei para a Vila Emater II. Foi aí que me tornei a líder da Pastoral das Crianças na qual atuo até hoje. Também faço parte do Conselho da Creche Herbert de Souza, sou ex-presidente da Associação dos Moradores da Vila Emater II e Tesoureira da Cooperativa dos Catadores e Recicladores da Vila (Coopvila).
2. Que ações realiza atualmente?
R – Desenvolvo um trabalho com as mães e crianças da Vila, através da Pastoral das Crianças, onde procuramos diminuir a desnutrição. Fazemos a pesagem, orientamos as mães nos cuidados que elas devem ter com seus filhos na alimentação, ensinamos a fazer a multimistura e o soro caseiro. Luto por melhorias na Creche, para que ela possa atender melhor a comunidade e junto com os moradores, lutamos para que a comunidade tenha seus direitos garantidos e tenham uma melhor qualidade de vida.
3. O que destaca como mais marcante no trabalho que desenvolve ou desenvolveu?
R – O abandono das crianças em casa enquanto as mães passam o dia trabalhando que vejo nas visitas da Pastoral das Crianças. Muitas são desnutridas, são carentes de afeto, pois seus pais passam o dia catando lixo e não tem tempo para dar atenção. Então o trabalho não é só evitar a desnutrição, mas dar amor e carinho.
4. Qual a importância do trabalho voluntário para a melhoria das condições de vida no Brasil?
R – Nosso trabalho ajuda a resgatar os direitos do cidadão, valoriza o ser humano, colabora com a transformação da sociedade, resgata o amor próprio e estimula o cuidado com os outros.
5. Na sua opinião, houve mudanças nas características do trabalho voluntário nos últimos 15 anos no país? Quais?
R – Sim. Foram muitas e eu destaco duas: a criação da Lei do Serviço Voluntário, e os debates sobre o tema e mostrou que o nosso trabalho serve para resgatar o direito à cidadania e as várias formas de parcerias com jovens, comunidades, entidades e empresários.
6. O que considera como os principais desafios do país na área social?
R – Conscientizar e mobilizar as pessoas, algumas entidades e empresários, e ter o comprometimento dos envolvidos. Mas sou otimista, acredito que com luta e dedicação vamos vencer as dificuldades e continuar transformando vidas.
7. Qual a importância do Prêmio Betinho?
R – É importante porque valoriza o nosso trabalho e nos estimula a continuar ajudando as pessoas. Ver que nossas ações estão transformando vidas e que essas ações estão sendo reconhecidas é muito gratificante. É uma forma de compartilhar e divulgar as lutas da nossa comunidade pela legalização da terra, trabalho digno, construção das casas para os catadores no momento em que o lixão será encerrado com voluntários de todo o Brasil.
8.Quais suas metas para 2009?
R – Desejo que a nossa Cooperativa cresça para que os catadores atendidos possam ter sua renda e seus direitos de cidadãos garantidos e que eu continue a salvar a vida de muitos jovens com o trabalho da Pastoral das Crianças.
Jornalista: Cibelle Araújo MTE/1095
17/03/2009
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